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Brasil: Por Que Tantas Moedas?

Todo mundo conhece alguém avarento – alguém que junta dinheiro e não gasta com nada.

A avareza dessas pessoas é tão grande que chegam a ter medo de colocar seu rico dinheirinho em um banco.

O problema disso é que a moeda no Brasil muda bastante. E cada vez que muda, a anterior perde valor.

O resultado disso são histórias como essa que você verá a seguir.

Ele tinha medo de bancos

Aconteceu um caso engraçado em Santa Catarina, no ano de 2014.

Uma mulher fazia uma faxina rigorosa na casa da mãe. Ela estava limpando um armário velho, quando encontrou uma mala. Quando abriu a mala, levou um susto.

A mala estava cheia de dinheiro, um total de 1.390.105 (um milhão, trezentos e noventa mil e cento e cinco) cruzeiros, 35.650 (trinta e cinco mil seiscentos e cinquenta) cruzados e 100 cruzados novos.

A alegria de encontrar tanto dinheiro durou pouco. Muito pouco.

Desde 1994, todo esse dinheiro perdeu valor. E mesmo que a mulher conseguisse trocar a herança do avô, toda essa quantidade de dinheiro não valeria mais do que 96 U$, ou R$514,00 nos dias de hoje.

Ou seja, era só um monte de papel.

O avô da moça mantinha o dinheiro escondido. Ele desconfiava de bancos. Além disso, era um pão-duro – uma pessoa que não gosta de dar ou gastar dinheiro, mesmo tendo mais do que o suficiente.

O dinheiro muda muito

Casos como o dessa história não são raros no Brasil.

Todo mundo gosta de guardar um dinheirinho, às vezes em malas, outras vezes em móveis, como sofás. O tempo passa, o dinheiro é esquecido e, de repente, a moeda muda. E todo aquele dinheiro guardado perde valor.

E aqui no Brasil, as moedas não parecem durar lá muito tempo.

Do ano 1900 até o ano 2000 —cem anos contados — a moeda brasileira passou por nove mudanças. Os motivos foram vários: desde questões políticas, até a desvalorização da moeda causada pela inflação.

As moedas que já circularam no Brasil

O Brasil já possuiu onze diferentes tipos de moedas ao longo de toda a sua história.

Começamos pelas primeiras moedas que foram trazidas para cá na época do descobrimento, até a moeda atual, que recentemente passou por uma mudança — o acréscimo de outra nota de valor maior.

Só para se ter uma ideia da variedade de moedas que já circularam por aqui, trazemos esta listinha:

  • Réis (1530 – 1833): trazido pelos portugueses. Eram pequenas moedas cunhadas em Portugal e, posteriormente, na Casa da Moeda da Bahia.
  • Real Império (1833-1888): foi a primeira moeda legitimamente brasileira. Usava-se o termo “Réis” ainda.
  • Real República (1888-1942): essa moeda surgiu após a proclamação da república do Brasil (1889). Continuou com o nome de Real. No entanto, quando se somavam mil réis (1.000), usava-se o termo conto de réis. Assim 3 contos de réis eram 3 mil réis.
  • Cruzeiro (1942-1967): o cruzeiro surgiu para reduzir a confusão de zeros causada pela moeda anterior. Um conto de réis (1.000) passou a valer um cruzeiro. Essa moeda também trouxe a divisão em centavos para o Brasil.
  • Cruzeiro Novo (1967-1970): o cruzeiro novo foi uma forma de conter a inflação. Assim, mil cruzeiros eram o equivalente a um cruzeiro novo.
  • Cruzeiro (1970-1986): para continuar contendo a inflação e desvalorização da moeda, o Cruzeiro novo voltou a se chamar cruzeiro. Novamente a moeda reduzia três zeros da moeda anterior — ou seja, 1.000 se transformaram em 1 de novo.
  • Cruzado (1986-1989): outra moeda criada para… conter a inflação descontrolada no Brasil. Repetindo a história anterior, 1 cruzado era equivalente a 1000 cruzeiros.
  • Cruzado Novo (1989-1990): a inflação forçou a criação de mais uma moeda. Não demorou muito para que o cruzado perdesse valor novamente e fosse necessário substituí-lo por outra moeda.
    Da mesma forma que o anterior, 1 cruzado novo era equivalente a 1000 cruzados.
  • Cruzeiro (1990-1993): o cruzeiro retorna no período de maior inflação no Brasil.
    A moeda andava tão desvalorizada que a solução foi manter o valor da moeda anterior –já que ninguém sabia mais o que fazer – e criar cédulas de valor cada vez maior. Como a de 500.000 (quinhentos mil) cruzeiros.
  • Cruzeiro Real (1993-1994): não adiantou de nada aumentar o valor das cédulas.
    Como a inflação era um inimigo insuperável, a solução foi voltar às táticas antigas: um cruzeiro real substituía o valor de mil cruzeiros.
  • Real (1994 – até os dias atuais): depois de uma longa e árdua batalha vem a chegada do plano Real.

O Brasil adotou a conversão de 2750 (dois mil setecentos e cinquenta) cruzeiros reais para 1 real. A moeda está há mais de 26 anos em circulação… mas diante do surgimento de novas cédulas, talvez a confusão volte novamente.

Uma moedinha no português

Essa profusão — e confusão — de moedas deu origem a várias expressões no Brasil.

Algumas estão tão enraizadas na cabeça dos brasileiros, que circulam desde o Brasil colônia. Conheça alguma delas:

  • Não vale um vintém!”: pessoa ou objeto que não vale nada.
  • “Estou sem um tostão furado…”: expressão para dizer que está sem nenhum dinheiro. Tostão vem do italiano e quer dizer cabeça. A cabeça aparece em um dos lados da moeda.
  • No cara ou coroa!”: deixar que algo ocorra na sorte. Numa moeda, a cara é a face e coroa onde fica o valor.
  • Mais falso do que cédula de três reais”: serve para apontar pessoa que se faz passar por aquilo que não é. A cédula de três reais não existe.

E é provável que nos próximos anos venhamos a ter mais mudanças de moeda e ainda mais expressões.

Por enquanto, me conta nos comentários:

Quais são as moedas do seu país? Há alguma confusão com moedas de um valor ou de outro? E tem algum nome informal para as moedas por aí? (Aqui, em geral, as moedas ganham o nome do presidente da vez.)

Vou ler cada um dos comentários 🙂

  • Oi! Obrigada pelo artigo tão interessante. Fique sorprendida pela quantidade de moedas diferentes do Brasil. Depois de aprender sobre o seu dinheiro lá, queria saber um pouco mais sobre a história do dinheiro nos Estados Unidos e aprendi que todas as moedas emitidas desde o ano 1861 ainda estão válidas e têm o mesmo valor. Incrível, né? O pelo menos, segundo este site é assim https://www.uscurrency.gov/history. Se alguém quiser ler mais sobre isso e aprende algo diferente, por favor me deixe saber! Até logo!

    • Oi, Dorothy! Obrigado pela contribuição 🙂 E que incrível! Quem dera o dinheiro do senhor do artigo ainda valesse quando foi encontrado!

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