Your #1 Source of Exercises and Texts for Elementary and Intermediate Brazilian Portuguese

O que você vai ouvir agora é minha interpretação dramática dos fatos ocorridos no ano de 1996.

Era uma noite chuvosa. O temporal, que é uma chuva muito violenta e súbita, tinha começado no finalzinho da tarde. Marco Eli Chereze era policial e estava trabalhando com seu parceiro. A noite ia ser longa, e essa é uma frase que normalmente a gente usa para dizer que nós vamos ter ou muito trabalho ou muita coisa para fazer durante o período noturno. Então, Marco não pretendia voltar para a casa tão cedo. E mal sabia ele que sua vida estava perto de terminar.

Era perto de 8 horas da noite quando Marco e seu parceiro perceberam um vulto passando rápido diante do veículo. Um vulto é como uma pessoa ou uma figura – não é necessariamente uma pessoa, mas dá a impressão de ser uma pessoa, a gente não consegue distinguir bem o que é ou quem é. Então, Marco e seu parceiro avistaram o vulto passar rapidamente diante do carro. Marco saiu do carro porque queria capturar aquela coisa. Pessoalmente, eu não entendo por que um policial faria aquilo, mas ele fez.

No meio da chuva, o policial agarrou aquela coisa, que vamos chamar de “criatura”, para facilitar a história, e a colocou no banco traseiro do carro. Talvez ele e seu colega tenham discutido o que fazer naquele momento. A conclusão foi levar a criatura para o hospital. Mas antes de seguir para o Hospital Regional da cidade de Varginha, eles decidiram dar uma passada num posto de saúde da cidade. O pessoal do posto de saúde não quis receber a criatura. E talvez a gente até entenda, porque os postos de saúde são como pequenos centros de saúde da comunidade: eles não têm o equipamento que um grande hospital tem.

Os policiais levaram a criatura para o hospital regional. Não temos certeza do que aconteceu lá, mas rola um boato de que uma ala da instituição foi isolada para que eles pudessem receber a criatura.

Um boato é um rumor. É uma conversa que talvez tenha fundamento, mas que provavelmente não é verdade. E quando a gente diz que rola um boato a gente na verdade quer dizer que as pessoas estão falando sobre isso sem saber exatamente os fatos. Rola um boato de que o João ganhou na loteria por exemplo. Ninguém sabe se ele ganhou, mas de repente ele comprou um carro e uma casa e nunca mudou o trabalho.

Bom, sendo boato ou não, as pessoas relataram, ou seja, contaram que viram muitos carros do exército e dos bombeiros nos hospitais da cidade. Ninguém sabe exatamente que criatura era aquela. Chegaram até mesmo a dizer que o hospital teve muita movimentação porque uma mulher anã tinha tido filho.

O que se sabe mesmo é que menos de um mês mais tarde, Marco Chereze ficou profundamente adoentado. Ele veio a falecer no dia 15 de fevereiro daquele mesmo ano. Um dos médicos responsáveis pelo atendimento de Marco naquela época contou que tentou fazer de tudo, mas não conseguiram salvar a vida do jovem policial. Nas palavras do próprio médico dar remédio para ele era como “dar água com açúcar”.

ERRATA: We only drink água com açúcar to calm down when we are too nervous.

E antes da gente seguir para a próxima parte desse episódio, vou só contar para você uma coisa típica daqui do Brasil. Quando alguém tem algum problema de saúde em geral algum tipo de nervosismo ou susto, a gente gosta de dar água com açúcar para essa pessoa. Eu não sou médico nem tenho formação na área, então o que vou dizer agora é só a minha opinião. Mas eu não acho que água com açúcar seja lá um remédio muito bom. Pelo menos não para um caso como o de Marco Chereze.

A especulação da época sobre a morte do policial Marco foi que ele segurou a criatura de mãos limpas, ou seja, sem proteção nas mãos, não tinha luvas nem nada. E como a criatura supostamente era de outro planeta, ela tinha bactérias que os humanos não conhecem. No final da história, o policial simplesmente não tinha mais o sistema imunológico. Esse tipo de coisa é causado por vírus, como o da AIDS, mas no caso de Marco, ele não tinha essa doença.

Agora vamos voltar um pouquinho mais no tempo. Na manhã do dia 20 de janeiro, que foi o dia quando os dois policiais se depararam com o vulto, e deparar-se com alguma coisa significa encontrar-se com alguma coisa ao acaso, na sorte, sem nenhum tipo de preparo ou combinação. Então, naquela manhã os bombeiros da cidade de Varginha receberam ligações dos moradores. O que os moradores diziam era que tinha um animal estranho rondando a região. E rondar uma região ou fazer rondas por uma região significa andar por aquela região fazendo voltas. Animais podem rondar uma cidade, bandidos podem rondar uma vizinhança e policiais normalmente fazem rondas para ver se está tudo bem no local onde trabalham.

Pouco tempo depois, os bombeiros estavam rondando a região eles mesmos. E por fim, soldados da escola de sargento das armas, que é uma escola militar que fica na cidade de Três Corações, vizinha da cidade de Varginha, esses soldados foram para a região, deram tiros na floresta e saíram de lá carregando dois sacos grande. Num dos sacos, alguma coisa ainda se mexia. O outro estava imóvel, paradinho, sem movimento.

Mas o dia 20 de janeiro foi muito atípico.

No meio da tarde daquele mesmo dia três mulheres, entre 22 e 14 anos de idade, estavam voltando para casa. O trajeto, ou seja, o caminho normalmente era mais longo, mas elas resolveram pegar um atalho, que é um caminho mais curto, para chegar em casa. A região por onde elas passaram era um terreno, que aqui no Brasil nós chamamos de loteamento. O loteamento é um terreno loteado, ou seja, dividido em lotes são partes onde normalmente as pessoas constroem casas ou fazem plantações. Em geral as casas de um loteamento são todas iguais inicialmente. Mas naquela época, quando as três mulheres voltavam para casa, eu acho que eu deveria dizer uma mulher adulta e duas adolescentes, mas para facilitar vou continuar dizendo três mulheres. Então, quando as três mulheres voltavam para casa o loteamento ainda não estava totalmente construído.

Quando elas passavam perto de um muro, escutar um grito. Mas não era um grito simples de aviso ou qualquer coisa. Era um grito de terror.

Quando uma das mulheres gritou as outras duas olharam na direção da coisa que fez a primeira mulher gritar.

A descrição que fizeram foi de que a criatura tinha a pele marrom tinha uma cabeçona, ou seja, uma cabeça muito grande, os olhos eram vermelhos e grandes, os braços eram finos e tinha um aspecto que não era firme. A coisa e elas se entre olharam por alguns segundos. Foi só o tempo das três correrem dele. Enquanto corriam, olharam para trás para ver se estavam sendo perseguidas. Não estavam. A criatura permaneceu no lugar.

As duas adolescentes, que eram irmãs, chegaram em casa e disseram para a mãe delas que tinham visto o capeta. E o capeta é a mesma coisa que Satanás, diabo, mas é um nome mais popular aqui no Brasil. E, por extensão, capeta é o apelido de alguém que tem mau comportamento. Quando eu era criança, por exemplo, eu era um capeta.

Quando a mãe ouviu isso, decidiu ir lá com a mulher mais velha, de 22 anos, mas elas não encontraram nada, a não ser um cachorrinho que cheirava o local, uma marca no chão e um cheiro muito ruim, indescritível, ou seja, que não dava para descrever. O homem que estava trabalhando no local disse que os bombeiros passaram por ali e levaram aquele bicho.

No dia seguinte, no domingo, o ufólogo Ubirajara Rodrigues foi falar com a mulher e as duas meninas que viram o que aconteceu. E dali a história se espalhou como fogo na grama seca. Jornais, revistas, programas de televisão… todos tentavam falar com as mulheres, para arrancar delas as histórias e contar na imprensa nacional.

E isso, de fato, aconteceu. A história se espalhou primeiro no boca-a-boca das fofocas e depois, na TV, a história não morria mais. As mulheres até receberam visitas de homens misteriosos, no estilo dos filmes de Hollywood, e os homens queriam que elas desmentissem a própria história, e desmentir significa contradizer. Então, as mulheres não aceitaram, ficaram com medo, mas mesmo assim contaram sua história na TV.

Foi um verdadeiro inferno na vida das mulheres. Houve divórcio, uma das meninas teve que sair da escola e parar de sair de casa… uma delas, que estava grávida na época, ficou com muito, mas muito medo, aterrorizada mesmo, quando alguns ufólogos levantaram a possibilidade de que ela estivesse grávida da coisa, que aparentemente era um extraterrestre. A pobre mulher ficou aterrorizada de que seu bebê não nascesse saudável ou “normal”, com características humanas.

Se a história terminasse por aqui, já seria suficiente para justificar a publicidade que ela ganhou em jornais nacionais e internacionais – até mesmo o Wall Street Journal publicou uma reportagem sobre o assunto. Mas aparentemente a história não começou naquele dia 20 e nem terminou ali. Isso porque, uma semana antes, ali pelo dia 13 de janeiro, um piloto paulista disse ter avistado um objeto voador não identificado, ÓVNI, na manhã daquele mesmo dia. Ele passava pela região de Varginha quando viu aquela coisa grande voadora que mais parecia um dirigível, que é o veículo voador que não é um balão e não é um helicóptero e tampouco é um avião. É o mesmo veículo que normalmente tem a publicidade do GoodYear Blimp dos Estados Unidos. Então, quando o piloto viu que o dirigível estava caindo, decidiu ir para aquela região para ver se ajudava. Lá, ele encontrou soldados do exército que lhe deram as ordens para sair e não falar nada sobre o que viu ali. Claro que ele bateu com a língua nos dentes, ou seja, ele não guardou o segredo nenhum. Do contrário, eu não estaria falando sobre isso.

E aquele mesmo grande objeto tinha sido avistado muito mais cedo, ainda na madrugada daquele mesmo dia, por um casal de trabalhadores num sítio. O sítio ficava na zona rural da cidade de Varginha. Os bois daquele sítio estavam agitados, correndo para um lado e para o outro. Da janela, Oralina, que era a mulher que cuidava do sítio com seu marido, Oralina viu uma coisa grande no céu escuro. Era uma coisa grande como um ônibus, que soltava fumaça e que não fazia barulho nenhum. Ela chamou o marido e os dois ficaram observando a coisa voar e soltar fumaça nos bois por quase quarenta minutos. Depois, a coisa voou para longe, sem incomodar o casal, e sumiu. Nem ele nem ela dormiram naquela madrugada.

Ainda teve muito mais, mais ainda do que eu consigo contar aqui. É uma história interessantíssima e que ainda está muito viva na mente dos brasileiros. A cidade de Varginha ficou famosa no mundo todo com essa história. Lá na cidade tem estátuas e tudo o mais sobre os ETs. O mais legal é que isso impulsionou, ou seja, deu uma força ao turismo da cidade.

Ainda hoje a Ufologia é forte no Brasil, embora não tanto como em países como os Estados Unidos. No meu estado natal, Ceará, temos uma associação de Ufologia e numa cidade, Quixadá, tem até mesmo um E.T. na entrada da cidade. É divertido.

Você acredita nesse tipo de coisa? Se sim ou se não, não importa. Vou deixar você com uma frase da primeira mulher a avistar a coisa voadora na cidade:

“O povo não acredita. Mas quem não vê, não acredita. Só acredita quem vê, né?”

>